Um turbilhão de ideias


Diante do fim de semana, os dias que lhe restam para fazer o que lhe dá na real gana, rumou a sul. Não muito longe. O suficiente para [re]descobrir recantos e sorver cheiros. Mais tarde estes despertar-lhe-ão recordações.

Caía uma névoa fria, mal se via a lagoa, tão cinzenta quanto o céu. Viu, então, as pequenas e velhas embarcações, olhou com atenção à sua volta e subiu os degraus de madeira. Ia-lhe na cabeça um turbilhão de ideias. 

Os meses passam tão depressa que quase nem deixam rasto.

Lembrava-se, contudo, de certo dia que no ar bailavam flores, cujo nome desconhece, e que todos os passos que dera nesse caminho conhecido lhe tornavam as pernas mais pesadas. 

Por que é que levava tanto tempo a sair da casa de partida?

Deixando para trás a lagoa, aproximou-se do carro, entrou e fez-se à estrada. Estava apenas um dia cinzento claro e à medida que se afastava mais claro ficava.

Os dias estão a decrescer — suspirou e voltou para casa.